quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Soft as Snow (but Warm Inside) with Justine Never Knew The Rules - An Interview



O shoegazer brasileiro vai bem, obrigado. E caminha a passos largos seguindo a tendência mundial do resgate da cena que celebrava-se a si mesma e continua a se auto celebrar, agora mais forte e intensamente ainda.

Justine Never Knew The Rules pode soar desconhecido para muitos, todavia aos iniciados muito pelo contrário. Diretamente de Sorocaba com o devido apadrinhamento de Mario do Wry, aliás, o nome foi sugestão do próprio (explicação na entrevista abaixo), os caras do Justine pegam décadas de boa música e criam suas pérolas de mistério, neo psicodelia e paredes de guitarras ao melhor estilo wall of sound.

Obviamente trata-se de uma das prediletas do TBTCI, muito devido ao belíssimo EP homônimo lançado ano passado, com três magistrais canções que caminham pelos devaneios dos barulhos das últimas décadas.

Ao vivo é intenso, segundo informações de amigos, eu ainda não tive a honra de presenciar, o que se tornou uma meta para este ano, mesmo porque vem material novo e talvez uma nova formação. Será? Só o futuro responderá.

Sugiro adentrar ao mundo particular e misterioso do Justine Never Knew The Rules imediatamente.


***** Interview with Justine Never Knew The Rules *****


Q. Quanto tudo começou? Por que Justine Never Knew The Rules , qual a origem do nome?
MB. Tudo começou no início de 2013. O Bruno e o Marcel já tinham tocado juntos mas a banda acabou não dando certo pois os outros integrantes moravam em outra cidade. Foi ai que um amigo que temos em comum me apresentou a eles. Nos demos bem desde o começo. Não só pelas influências musicais bem específicas que temos mas em vários assuntos.

O nome foi uma sugestão do Mário Bross, do Wry. No começo não gostamos muitos pois é uma frase de “1979” do Smashing Pumpkins e pensamos que algumas pessoas poderiam achar que eles eram uma influência direta nossa. Com o passar do tempo deixamos esse pensamento de lado e começamos a nos identificar com a frase em si. Tinha muito a ver com a forma que fazíamos nossas músicas, com desapego ao formato tradicional de banda de rock, poucas notas e muita repetição às vezes remetendo ao krautrock, as experimentações de psicoacústica...

Há pouco tempo atrás uma amiga me perguntou se o nome era referência a uma novela do Crepax. Nós nunca tínhamos ouvido falar dele. Ela me deu um exemplar e achamos demais. Gostamos muito de ter esse mistério em torno do nome e cada pessoa ter uma ideia ou interpretação própria do que ele pode significar.

Q. Quais as influências da banda?
MB. É difícil citar influências. Mesmo porque tudo que ouvimos, vemos e sentimos no nosso dia a dia acaba nos influenciado mais, mesmo que indiretamente. Mas se fosse para citar algumas bandas seriam My Bloody Valentine, Jesus and Mary Chain, Beatles, Velvet Underground e Tame Impala.

Q. E sobre a atual cena parece que estão nascendo bandas em tudo que é esquina, quais bandas da nova geração vcs recomendam?
MB. Acredito que sempre tiveram bandas nascendo nessas proporções. Talvez até mais no passado. É que hoje em dia, com a facilidade e rapidez que a internet nos proporciona, é mais fácil conhecer uma banda nova do outro lado do mundo, procurar bandas dos gêneros que temos mais afinidade. Algumas bandas novas que gostamos muito são Boogarins, Luziluzia, The Soundscapes, Fones, Medrar e Incesto Andar.

Q. Por que tem tanta banda bacana e mesmo assim tem pouca gente nos shows, poucos picos pra tocar, qual a opinião de vocês sobre o assunto?
MB. Nós não enxergamos dessa forma. Os picos existem. As pessoas vão. Acontece que de uns anos pra cá o rock está cada vez menos em foco no mainstream. Se você quer conhecer bandas novas você tem que ir para o underground da sua cidade ou em festivais independentes. No caso das bandas gringas, procurar na internet e revistas independentes. E isso definitivamente não é um problema.

Porque as bandas não são desfiguradas pela influência comercial da indústria fonográfica e você acaba conhecendo melhor as bandas porque você precisa correr atrás e não esperar a mídia enfiar na sua cabeça, dizendo o que é bom e o que não é.


Q. Como foi o processo de gravação do album?
MB. Foi insano! O Marcel tinha todo o equipamento necessário para fazer uma gravação e resolvemos fazer tudo sozinhos. Gravação, mixagem e arte.

Levou mais tempo do que esperávamos por ser algo completamente novo para nós. Às vezes parecia que não íamos terminar nunca porque sempre surgiam problemas. Queimamos pelo menos cinco amplificadores (talvez pelo volume elevado que usamos para gravar), atropelamos o notebook do Marcel com a master final, nosso gato de estimação subiu no notebook e deletou as faixas gravadas no computador. Mas conseguimos passar por todos esses obstáculos e lançar o EP em julho do ano passado. A versão física (em CD) dele foi masterizada pelo Pêu Ribeiro, baixista do INI.

 Na parte artística, contamos com o apoio da Suelen Roman Duarte, namorada do Bruno Fontes, e com o próprio que fizeram a arte da capa e a maioria dos cartazes da turnê.

Q. Com quais bandas gringas da atualidade vocês gostariam de tocar?
MB. Nós nunca pensamos nisso (rs). Ainda tem muitas bandas legais no Brasil que queremos tocar junto. Mas gringas, talvez, com nossos ídolos...todas essas “guitar bands” que voltaram nos últimos anos.

Q. Quais os 5 melhores álbuns da história para vocês?
MB. Rubber Soul, Revolver, Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band, Magical Mistery Tour e White Album dos The Beatles.

Q. Quais os planos pro futuro, o que esperar da Justine Never Knew The Rules
MB. Agora que terminamos a turnê vamos dar uma pausa nos show em fevereiro e março para gravar um material novo. Ainda não sabemos ao certo se será um álbum ou outro EP. Mas com certeza terá mais músicas que o primeiro EP e um vídeo clipe.

Q. Alguma coisa a mais para nos contar?
MB. Bem provável que em 2015 a Justine não seja mais um trio...logo teremos surpresas.
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Obrigado

https://justineneverknewtherules.bandcamp.com/album/ep
https://www.facebook.com/JustineNeverKnewTheRules