Passei anos querendo escrever algo sobre uma das bandas mais importantes para mim, não, não estou exagerando, em termos de postura comportamental, em termos de conhecimento, atitude mesmo, confesso que fui totalmente influenciado pelo Naporano, se sou do jeito que sou, muito se deve a figura controversa desse cara, critico ferrenho e apaixonado por música, mas música mesmo, vou dizer que eu lia as resenhas e corria atrás para ouvir o que o cara recomendava, coisa de fã mesmo, não a toa que inicie os estudos em jornalismo meio que motivado por estas coisas todas, mas isso eu cheguei a conclusão mais de 10 anos depois, mas me enchi do curso, me enchi de todo o meio metido a besta, da auto exposição banal destes pseudo analistas da música contemporanea e cai fora dessa merda toda, mas desde o ano passado, voltei a escrever para mim, pois é, sei lá por que cargas d´agua esse tesão voltou, meio que esse revival de shoegazer com várias bandas e tal, aquele resgate das class of 86 também esta bem latente, talvez isso me deu uma revigorada, mas voltando ao assunto, o Naporano criou além de tudo isso que coloquei, o cara foi o responsavel por esta magnifica banda, injustiçadissima diga-se de passagem, chamada Maria Angelica Doesn´t live Here Anymore, um combo ao melhor estilo Do it Yourself com uma duração curtissima, que lançou na minha concepção uma obra prima chamada Outsider, um album tão simples, mas tão simples, que se torna a cada audição rico e grandioso, o motivo, purity!!!!é isso gravado basicamente ao vivo, este album dividiu em determinado momento em meu velho aparelho de som junto com o 1º HOL e o Ins´t Anything, exagero?!?!?!?!exagero o caralho, quem não conhece, Purple Thing, Shyness, Hotel Hearts não sabe o que representa este album a frente do seu tempo, sim, no Brasil, tinhamos boa bandas da grandeza de Fellini dentre outros, mas o Maria Angelica era a parte de tudo, eles soavam como as bandas da class of 86, um mix de Razorcuts e Wedding Present talvez, eu até digo que existem dois hinos da epoca, Big Pink Cake e Shyness, mas o fato é que o Maria Angelica mesmo sendo rotulado de anorak, regressivo e derivados, o som em si é unico, punk, bubblegum, indie, pouco importa o Outsider é unico e eterno.....pera ai, pera ai, pera ai...não acaba aqui a obra dos caras, ainda rolaram dois fenomenais registros sequencias, o EP Full Moon Depression e Stroboscopic Cherries, ambos mais luxuosos em termos de produção e mais asperos e acidos no que diz respeito a verve de Naporano, me excita ouvir Full Moon Depression ...Oh baby it´s allriiiight!!! brada Naporano lá pelas tantas da canção, totalmente influenciada por Tom Verlaine e seu Television, as guitarras gritam, choram, esperneiam literalmente na canção que é um epico delirante (...i love you in a dreamtime baby, you betrayed me in summertime, i don´t speak any word, because it seems so all right....) eu berro isso toda vez que escuto....tento chegar no timbre de Naporano....e as canções vão passando como num desfile sem fim....Veridiana, An affair to forget, a flush to the flash.....enfim tudo é marcante, as capas os encartes, cuidadosamente produzidos totalmente acima do que vinha sendo feito.....hoje o Naporano esta vivendo em Curitiba e talvez quem sabe, pela graça divina a discografia do Maria Angelica possa finalmente chegar a era digital, o que seria realmente um acontecimento, talvez um Box com livro e tudo mais, só digo que li em algum lugar que até possibilidade de shows acusticos poderão acontecer, mas realmente eu não acredito simplesmente, porque para mim a obra do Maria Angelica Doesn´t Live Here Anymore já esta marcada para sempre o que estes caras produziram em termos musicais, conceituais e todo o bla bla bla que alguém possa vir a escrever é muito pouco, perto do sentimento de ouvir o final apoteótico de full moon depression:
...I lived a full moon depression
so carefully i´m learning to be a rock
despite everything
my veins are searching for a voice...
- Full Moon Depression EP - http://www.mediafire.com/?yq4qtuizjyy