Um dos discos mais legais desse 2014 é sem dúvida albuma o teenagiano Lindberg Hotel II, segundo trabalho lançado por Claúdio Romanichen aka Lindberg Hotel.
Desde os primeiros acordes de Man got to the Moon passando pela altamente bandwagonesquiana Status Quo até o final com Funeral Party a sensação de prazer toma conta por completo, um álbum ensolarado feito sob medida para momentos de felicidade plena.
Desde os primeiros acordes de Man got to the Moon passando pela altamente bandwagonesquiana Status Quo até o final com Funeral Party a sensação de prazer toma conta por completo, um álbum ensolarado feito sob medida para momentos de felicidade plena.
Lindberg Hotel II deve ser devorado sem limites, porque o disquinho vicia e vicia pra cacete, não há como não abrir um sorriso de ponta a ponta após uma, duas, três audições.
Aplausos pro Lindberg Hotel e que todos possam ter o prazer de se deliciar com uma das genuínas pérolas do submundo dos bons sons de nosso país.
R.: O Lindberg Hotel é basicamente uma one man band, mas ao vivo eu tenho um amigo – o Eduardo Ambrosio – que toca guitarra e me ajuda com os vocais, e pretendo ter alguém pra fazer percussão para acompanhar as programações.
Bom, eu tinha uma banda no começo dos anos 90 com os meus dois melhores amigos, e a gente se envolveu num acidente de carro em 1994, e não voltei mais a tocar. Porém, nunca parei de compor. Em 2008 fui pros EUA pela primeira vez e comprei algum equipamento e foi meio que a faísca pra eu querer produzir música de forma mais concreta novamente. Em 2009, começaram a pintar composições novas e mais consistentes, que meio que me convenceram que valia a pena voltar a investir na produção de uma demo que ninguém ouviu, mas gostei do resultado. As músicas dessa demo foram todas regravadas para o primeiro álbum.
Quanto ao nome, é uma referência ao filme “Os Excêntricos Tenenbaums” do Wes Anderson, que é um dos meus diretores favoritos. Gostaria de identificar o som da banda com a atmosfera que há nos filmes dele.
Q. Quais as influências da banda?
R.: Fundamentalmente som dos anos 60s como Beatles, Velvet Underground, Kinks, Beach Boys, Byrds, Bob Dylan… mas também 80s/90s: Smiths, Stone Roses, Jesus and Mary Chain, My Bloody Valentine, Flaming Lips, Teenage Fanclub, Ride, Yo La Tengo pra ficar nas mais óbvias. Mas tenho muita influência de cinema e literatura também, e tenho ouvido muita música brasileira antiga e coisas que não são rock, como rock steady e ska dos anos 60, Enio Morriconi, Miles Davis, gosto muito de afrobeat, Budos Band, Mulatu Astatke.
Q. E sobre a atual cena parece que estão nascendo bandas em tudo que é esquina, quais bandas da nova geração vcs recomendam?
R.: Daqui de Curitiba eu gosto do April Seven, do Sonora Coisa e do Lendário Chucrobilly Man em especial... tem muita banda produzindo música bem feita. Gosto muito dos meus parceiros da Transtorninho Records, acho o 151515, o Novampb e o DIAZ muito bons. O Crowd Surfing de Maringá/Cianorte está com um disco sensacional, os Laundromaths (de Mandaguari) são legais também. E em São Paulo tem os Soundscapes, que é excelente.
Q. Por que tem tanta banda bacana e mesmo assim tem pouca gente nos shows, poucos picos pra tocar, qual a opinião de vocês sobre o assunto?
Tenho a impressão de que as pessoas hoje vão mais aos shows pelo evento em si do que pela música propriamente dita. Aqui em Curitiba, nos anos 90, a gente ia aos shows pra conhecer as bandas mesmo, havia uma curiosidade mais genuína pelos sons. E era engraçado porque os shows eram bem mais misturados, você numa noite via uma banda de psychobilly, depois uma de indie pop e por último uma de hardcore. E todo mundo conhecia a banda do outro, as bandas frequentavam os shows umas das outras.
Hoje essa curiosidade é menor, porque tudo está na internet, e a ideia da experiência vai perdendo força, a molecada, que é quem se espera que consuma música parece já satisfeita em conhecer só as duas primeiras músicas de um disco que elas baixaram.
Q. Como foi o processo de gravação do album?
R.: Esse segundo disco foi muito divertido de ser gravado. Eu estava em férias do meu trabalho, tinha acabado de chegar de uma viagem, então eu estava muito relaxado e com vontade de fazer o disco. E muitos arranjos ainda não estavam fechados, então, por exemplo, para as guitarras eu fazia jams comigo mesmo, e aí apareciam arpejos, fraseados, riffs, solos sabe-se lá de onde. Depois ouvia e selecionava as ideias que mais me agradavam e eu via onde encaixar essas ideias nas músicas. Como fiz tudo sozinho, foi muito tranquilo, e eu estava bem feliz com o conjunto de músicas, porque elas são bem diferentes umas das outras e eram muito novas pra mim.
Q. Com quais bandas gringas da atualidade vocês gostariam de tocar?
R.: Eu sou meio velhinho já, então penso em bandas mais da minha geração, como Yo La Tengo, os Flaming Lips, ou ainda Teenage Fanclub, Primal Scream... de bandas mais recentes, Beach House, The Pains Of Being Pure At Heart... Entre as lendas, o Paul McCartney, Brian Wilson ou o Bob Dylan entrariam fácil na lista!
Q. Quais os 5 melhores álbuns da história para vocês?
R.: Minhas listas de Top 10 sempre tem uns 16, 17 discos então uma de 5 é difícil demais. Mas pra tentar ser abrangente, vou colocar 5 que entram jogando, 5 reservas, e 5 ausências sentidas, podendo variar a escalação dentro do escrete ao gosto do freguês:
Titulares
1. Revolver – Beatles
2. Beach Boys – Pet Sounds
3. What’s Going On – Marvin Gaye
4. Bandwagonesque – Teenage Fanclub
5. Stone Roses – Stone Roses
Reservas
6. The Soft Bulletin – The Flaming Lips
7. I Can Hear The Heart Beating As One - Yo La Tengo
8. Teen Dream – Beach House
9. Acabou Chorare – Novos Baianos
10. A Tábua de Esmeralda – Jorge Ben
Ausências sentidas
11. Screamadelica – Primal Scream
12. Loveless – My Bloody Valentine
13. Yours, Mine and Ours – Pernice Brothers
14. The World Won’t Listen – The Smiths
15. Stan Getz & João Gilberto
Q. Quais os planos pro futuro, o que esperar do Lindberg Hotel?
R.: Na verdade eu queria mesmo era terminar este segundo disco, o que já era para mim um desafio e tanto. Agora pretendo fazer alguns shows e escrever o terceiro disco ao longo desse ano. Não sei se lançarei um álbum longo como os dois primeiros, talvez sejam EPs com menos músicas pra gravar e liberar mais rápido. Como o disco acabou de sair, e a recepção tem sido boa, é possível que até tente sair de Curitiba pra tocar em outros lugares.
Fora isso, eu quero tocar com outros amigos e fazer sons diferentes do Lindberg Hotel, ideias que tenho que não se encaixam, mas das quais eu também gosto muito. Coisas eletrônicas, ou ambient e instrumentais e sons mais pesados também, além de músicas em português que é algo que não sei fazer, mas tenho amigos que sabem.
Q. Alguma coisa a mais para nos contar?
R.: Bom, pra quem não nos conhece, o Lindberg Hotel é basicamente uma banda de canções pop clássico, com melodias assobiáveis, refrões grudentos e às vezes com guitarras barulhentas, com 2 discos totalmente gravados em casa num esquema de total lo-fi e de faça você mesmo. Além disso, que teve a sorte de se juntar à Transtorninho Records, do Recife, que botou fé no projeto e que está ajudando na divulgação e distribuição da banda. Se você quiser saber mais da banda ou conseguir uma cópia do CD, procure por Lindberg Hotel ou pela Transtorninho no Facebook. Valeu!
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Obrigado
https://transtorninhorecords.bandcamp.com/album/lindberg-hotel-ii-2
https://www.facebook.com/lindberghotel